Ataque ao Fortaleza: Um Ano Depois, Justiça Busca Responsáveis

Ataque ao ônibus do Fortaleza completa um ano com andamento na justiça

Um ano se passou desde o ataque brutal ao ônibus que transportava a delegação do Fortaleza Esporte Clube, um episódio que manchou o futebol brasileiro e expôs a violência enraizada nas torcidas organizadas. O atentado, ocorrido na noite de 22 de fevereiro de 2024, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, deixou rastros de destruição e ferimentos em atletas, marcando um capítulo sombrio na história do esporte.

Naquela noite fatídica, por volta das 2h21, o veículo foi interceptado por um grupo identificado como membros da Torcida Jovem do Leão (TJL), trajados com vestimentas amarelas. Atingido por bombas e pedras, o ônibus se tornou palco de cenas de pânico e terror. Seis jogadores do Fortaleza foram hospitalizados com ferimentos diversos, sendo liberados após atendimento médico. O ataque ocorreu a poucos quilômetros da Arena de Pernambuco, onde o Fortaleza havia empatado com o Sport pela Copa do Nordeste horas antes.

Quem são os réus e quais as acusações?

Após um ano do ocorrido, o caso segue em investigação, com 11 pessoas denunciadas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). A denúncia foi aceita pela Justiça em 12 de setembro de 2024. Os réus são acusados de seis tentativas de homicídio qualificado e associação criminosa, além de outros crimes previstos no Código Penal. A pena para homicídio qualificado pode variar de 12 a 30 anos de reclusão.

Adicionalmente, os acusados respondem pelo artigo 201, § 1.º, II, da Lei n.º 14.597/2023, a Lei Geral do Esporte, que criminaliza o ato de incitar a violência, desordem, ódio ou discriminação em eventos esportivos, com pena de detenção de três meses a um ano e multa.

"Somente a pena para o crime de homicídio qualificado, previsto no artigo 121, parágrafo 2º, do Código Penal, pode levar os réus à reclusão de 12 a 30 anos."

Situação atual dos acusados e andamento do processo

Dos 11 réus, oito aguardam o julgamento em liberdade provisória, sujeitos a medidas cautelares impostas pela Justiça. Entretanto, dois acusados não foram localizados e tiveram a prisão preventiva decretada em 24 de janeiro de 2025. Segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco, as prisões ainda não foram efetuadas.

"Até o momento não houve o cumprimento dessas prisões pela polícia", informa, em nota, o Tribunal de Justiça de Pernambuco.

Um dos denunciados teve a prisão preventiva decretada após descumprir as medidas cautelares, sendo detido em um episódio recente de violência entre torcidas organizadas do Santa Cruz e do Sport, ocorrido em 1º de fevereiro.

Audiência de instrução e manifestações

A 2ª Vara do Tribunal do Júri de Jaboatão dos Guararapes agendou a primeira audiência de instrução para o período de 22 a 25 de abril. Estão previstos os depoimentos de 29 testemunhas e dos réus, marcando um momento crucial para o avanço do processo e a busca por justiça.

A promotora de justiça Erika Sampaio Cardoso Kraychete, do MPPE, informou que "reserva-se a se pronunciar sobre as acusações após o término da instrução do processo". A defesa dos réus não foi localizada para comentar o caso, mantendo-se o espaço aberto para manifestações futuras.

Relembrando o ataque: Um dia de terror para o Fortaleza

O ataque ao ônibus do Fortaleza ocorreu na madrugada de 22 de fevereiro, logo após a partida contra o Sport. O CEO do Fortaleza , Marcelo Paz, relatou que a delegação foi surpreendida por bombas e pedras arremessadas por torcedores do Sport, que estavam "vestidos de amarelo". Testemunhas estimam que entre 80 e 100 pessoas participaram do atentado.

O local da emboscada foi próximo a uma obra na BR-232, nas imediações de um estabelecimento comercial no bairro do Curado. Os jogadores feridos foram levados a um hospital no Recife, com o goleiro João Ricardo e o lateral-esquerdo Escobar entre os casos mais graves. Felizmente, todos se recuperaram fisicamente.